Assim que entrei no grupo em maio deste ano, senti nascer de novo em mim à vontade e o prazer de tocar meu clarinete; um instrumento que amo o som, é simplesmente fantástico senti-lo. Quando o toco, parece que a música me envolve, me protege, fazendo um campo de notas em redor de mim. Antes de subirmos ao palco demos as mãos e fizemos votos de boa sorte, um dos componentes do grupo pediu que tocássemos com toda alma... mas desde quando não havia alma? Todos estavam numa mesma sintonia, pareciam respirar o mesmo ar, estavam todos ligados na mesma energia. Enquanto o locutor falava, sentia minhas pernas tremerem, nunca tinha subido num palco antes, muito menos pra tocar no Festival de Inverno. Ainda bem que deixei meu clarinete em cima da cadeira onde ficaria sentado, ou então eu o teria derrubado. Assim que ele anunciou o grupo, meus olhos se encheram d’água, senti um calafrio daqueles. Depois que subi no palco... parecia que o conhecia a anos, senti-me extremamente maduro com a situação. Observei a multidão aplaudindo, e fui embalado até o local onde deveria sentar, peguei meu clarinete e ai pronto! Estava eu, estreando pelo Gaiamálgama. Na verdade, eu não sei explicar ao certo, como foi que tudo se passou; parecia estar num sonho, era tão inexplicável, que pouco sabia ou entendia, mas era tão bom! Eu me arrepiava de instantes em instantes, olhava todos no palco, sentia uma alegria do tamanho de algo que não sei dizer. Mas posso falar de algo com certeza, hoje não penso em minha vida, sem o Gaiamálgama; este grupo tem me proporcionado as maiores alegrias que alguém pode ter. Desde as realizações pessoais e profissionais, até os sonhos que ainda possa almejar. Acredito piamente em cada amizade que fiz ali dentro, e não quero perdê-las de vista, mesmo que a vida me cegue os olhos, ou que o mundo me jogue em outra direção. Mas os caminhos desta amizade serão sempre os mesmos.
Obrigado Gaiamálgama, por me proporcionar ser um de seus músicos.
Por Douglas Calado
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